Museu do Neo-Realismo reflecte sobre a educação não formal nos museus
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A jornada de reflexão, realizada na passada terça-feira, no Museu do Neo-Realismo, que se debruçou sobre a temática “Desafios contemporâneos da educação não formal nos museus”, desafiou a reflectir – como o próprio nome indica – uma sala cheia de participantes, problematizando o conceito de educação não formal nos museus, no sentido de conceber programas e projectos educativos em função dos diferentes públicos-alvo e potenciando as colecções dos museus.
Numa primeira parte, que contou com as intervenções do vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, do director cientifico do Museu do Neo-Realismo António Pedro Pita e do director do Palácio Nacional da Ajuda José Alberto Ribeiro, foi feito um enquadramento do tema, distinguindo a educação formal da não formal e abrindo o assunto à discussão.
Numa segunda parte, um primeiro painel constituído por Sara Barriga Brighenti, coordenadora do Museu do Dinheiro do Banco de Portugal e Leonor Areal, professora e investigadora de cinema, moderado por Fátima Faria Roque, directora do Departamento de Educação e Cultura da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, explorou as questões ligadas ao apelo à criatividade dos técnicos dos museus para chegar aos vários públicos e como a linguagem do cinema poderá contribuir para a democratização da cultura.
Sara Brighenti explorou as características e formas de abordagem dos técnicos dos museus que facilitam a proximidade e envolvimento dos vários públicos ao Museu e com as colecções.
Leonor Areal deu uma panorâmica da evolução do cinema, desde a máquina de propaganda e meio de influenciar massas até ao veículo de democratização cultural, explicando a necessidade de formar os públicos nesta literacia cinematográfica para que o cinema possa ser mais eficaz no papel de potenciador da democratização cultural.
Um segundo painel composto por Denise Pollini e Miguel Horta, sendo a primeira coordenadora do Serviço Educativo do Museu de Arte Contemporânea de Serralves e o segundo pintor e mediador cultural, moderado por Joana Sousa Monteiro, directora do Museu de Lisboa, questionou a acção dos serviços educativos dos Museus na construção de uma nova interpretação de si próprios e os Museus face à Inclusão Social e Direitos Humanos.
Denise Pollini apresentou a experiência da comunhão e da coragem de errar dos serviços educativos como factores vitais e decisivos na proximidade aos públicos, terminando a sua intervenção com uma “declaração de amor” aos Museus.
Miguel Horta conseguiu retirar a carga que se poderia crer pesada em assuntos como Inclusão Social e Direitos Humanos sem, porém, lhes retirar seriedade, estabelecendo uma analogia com os gambozinos, como se a abertura dos museus a públicos diferenciados fosse quase como “caçar gambozinos” dada a vastidão destes públicos e a diferenciação de necessidades. Miguel Horta defendeu o “planeamento e reflexão, para além da necessária coragem para ir mais longe em matéria de acessibilidade que, como todos sabem, transcendem as barreiras arquitectónicas ” e considerou que “tornar os conteúdos acessíveis e possibilitar a fruição das colecções do próprio espaço do museu, utilizando todas as ferramentas pedagógicas disponíveis” são essenciais ao cumprimento da tarefa “incluir”.
Ambos os painéis foram seguidos de um espaço destinado ao debate e às questões do público que interveio estimulando a discussão e reflexão sobre os assuntos abordados e contribuindo com as próprias experiências.
A jornada terminou com o comentário de Clara Camacho, técnica superior da Direcção Geral do Património Cultural e presidente da Assembleia Geral do ICOM, que fez um breve resumo da sessão, salientando os pontos que se destacaram ao longo do dia e deixando em aberto, acordando com o que foi dito por Fátima Faria Roque, a possibilidade de virem a concretizar-se novas jornadas que aflorem alguns pontos que ficaram por explorar durante este dia de reflexão.